sexta-feira, 7 de setembro de 2012

[Resenha #18] Starters, de Lissa Price


A distopia se tornou o cartão de visitas das obras juvenis nos últimos ano; ela, juntamente dos romances YA, é a que incuti muitos jovens no mundo da leitura e os fazem procurar por mais. Li Starters, um lançamento esperado e previamente aclamado pela blogosfera. A terrível potencialização da expectativa fizeram muitos tropeçarem na hora da leitura - como eu. Muito marketing, para pouco.

Seu mundo mudou para sempre. Callie perdeu os pais quando as guerras de Esporos varreu todas as pessoas entre 20 e 60 anos. Ela e seu irmão mais novo, Tyler, estão se virando, vivendo como desabrigados com seu amigo Michael e lutando contra rebeldes que os matariam por uma bolacha. A única esperança de Callie é Prime Destinations, um lugar perturbado em Berverly Hills que abriga uma misteriosa figura conhecida como o Old Man. Ele aluga adolescentes para alugar seus corpos aos Terminais — idosos que desejam ser jovens novamente. Callie, desesperada pelo dinheiro que os ajudará a sobreviver concorda em ser uma doadora. Mas o neurochip que colocam em Callie está com defeito e ela acorda na vida de sua locadora, morando em uma mansão, dirigindo seus carros e saindo com o neto de um senador. Parece quase um conto de fadas, até Callie descobrir que sua locatária pretende fazer mais do que se divertir — e que os planos de Prime Destinations são tão diabólicos que Callie nunca podia ter imaginado...

Em Starters vemos uma América do norte completamente devastada por uma guerra. Jovens não tem mais voz, são descartáveis como qualquer outro utensílio pelos abomináveis Enders - idosos com idade muito avançada. O milagre da medicina se provou um vilão na história, com a evolução da mesma, a expectativa de vida dera um salto tremendo e a qualidade melhorara tanto que a saúde física de um Ender pode ser comparada a de um adulto comum.

Callie faz parte da parcela de adolescentes que enfrentam a situação de párias sociais depois da grande guerra de esporos, que matou todos os adultos do país. É uma personagem certamente volúvel. Por mais que tente passar a imagem de força e decisão, a autora pecou muito no desenvolvimento da protagonista - muitas vezes pode ser confundida com uma adolescente normal, que vive uma vida fora das ruas, no conforto de um lar.Interessante como há uma tênue linha que separa as personagens interessantes das sem sal. Provavelmente está tudo ligado à imersão que o autor faz em sua própria história, se ele tem uma visão bem definida do universo que está criando, dificilmente não conseguirá criar uma boa heroína.

(Lissa Price)
A premissa do livro é ótima, mas a forma como a autora se utilizou dela não convenceu na maioria do livro. O ponto alto, certamente, é o mistério do que está por trás do aluguel de corpo de Callie...pronto, é isso, o resto se resume a um grande conflito interno de uma adolescente perdida. O carisma das personagens também é bem limitado; não consegui me prender a sequer um. A forma como eles são construídos é inverossímil (falo sobre suas personalidades, e não do fato de idosos estarem em corpos de aodlescentes) - Lissa Price coloca muita jovialidade e imaturidade em seus Enders.

A ação é bem medida e não se faz muito presente neste primeiro volume da série. Na realidade, ele vale-se da velha história "apresentação do universo" - e o que basicamente Callie representa nele é uma adolescente confusa e desesperada que corre de um lado para o outro sem saber ao certo para onde deve ir.

Devo dizer que pelo menos um fato me surpreendeu; já tinha uma desconfiança ao redor de uma certa personagem - mas saber a real verdade por detrás dela foi intrigante. O momento em que Callie narra o dia da chuva de esporos é, no mínimo, chocante e cruel.O romance aqui também é construído de uma forma rasa, bem juvenil mesmo: mocinha que gosta do mocinho...mas nutre sentimento pelo amigo mendigo...uma festa de hormônios e de clichês. A pieguice também rolou solta - ainda estou tentando me recuperar daquela cena sofrível em que temos uma comparação com um renomado conto infantil. Santo Deus, quanta vergonha alheia. Ah, como esquecer também do final Bollywoodiano (sim...de Bollywood mesmo)? Bem, estejam preparados para  um corte brusco na leitura.

Os pontos positivos se encontram na narrativa, ela é leve e bem escrita - dá ao leitor um rápido entendimento e não o cansa tanto. Os pontos negativos? Bem, Se você leu a resenha até aqui já sabe sobre muito deles. A autora, ainda que tenha tropeçado feio ao tentar embutir em Starters tanta pretensão, pode ainda ser uma grata surpresa nos próximos volumes - ela só terá que enxergar muitos erros e consertá-los rapidamente.

A edição é interessante. A "Novo conceito" costuma investir de forma bem medida nas capas, dando um efeito bem singelo na maioria delas. Com Starters eles quiseram mesmo chamar a atenção, toda a capa leva consigo um brilho ofuscante e alto relevos dispersos. O miolo foi feito para aparentar um livro grosso, mas, na realidade, não vai muio além das 400 páginas. A letra tem um bom tamanho,a diagramação é simples e as páginas são amarelas. Ainda não consegui definir muito bem uma avaliação concreta sobre esta edição.

Portanto, se você é daqueles que esta procurando um "novo Jogos Vorazes" - bem, má notícia, você não o encontrará nas páginas deste livro. Mais uma vez o Marketing atua de forma negativa. Porém, para aqueles que estão interessados em conhecer uma nova distopia com um desenvolvimento agradável (todavia, esquecível)e em encontrarem uma forma de se livrar do tédio momentâneo;bom, pode ser que as conspirações fracas e juvenis de Starters sejam de alguma valia. 

Título: Starters      AutorLissa Price  
Editora: Novo Conceito
Notas: |Enredo: 06/10 | Edição: 06/10Entusiasmo:05/10| 

3 comentários:

  1. Eu sou essa que procura um "Novo THG" rsrs... Quando eu vi tanto marketing em cima desse livro fiquei com uma pulga atrás da orelha, eu também não gostei muito dessa história.
    Valeu pela sinceridade!

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  2. Não podia ter frase melhor do que a sua "Muito marketing para pouco".
    Vi uma imensa propaganda desse livro, mas confesso que ele não me chamou a atenção, igual ao livro da Stephenie Meyer, "A Hospedeira", da qual só li pq uma amiga me emprestou, mesmo assim já sabia que iria me decepcionar.
    Único livro "futurístico" que li e gostei foi Jogos Vorazes, mesmo assim por causa da personalidade dos personagens :)

    http://autoracarolinaribeiro.blogspot.com

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  3. Gostei muito da sua resenha,parabéns!
    Não me interessei por esse livro,mesmo com essa capa mega chamativa,achei a história muito parecida com A Hospederia,posso até estar enganada.Mas no momento não é um livro que quero ler!
    Beijos.

    http://livrosobaluzdalua.blogspot.com/

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