[Resenha #15]A conspiração da Umbrella, de S.D. Perry

 Livros sempre foram a forma mais interessante de brincar com a imaginação; entretanto, há quem também prefira os velhos e adorados videogames.Aventuras improváveis, heróis invejáveis e enredo empolgantes - elementos comuns dos controles e das páginas. Resident Evil, série de terror mais do que clássica dos consoles foi sempre muito adorada entre os gamers - hoje, os fãs brasileiros podem conferir a carnificina em páginas repletas de sangue.

Raccoon City: uma comunidade remota nas montanhas é subitamente vítima de uma série de assassinatos grotescos, que parecem estar ligados à floresta que cerca a cidade. Rumores bizarros começam a se espalhar, descrevendo ataques de criaturas violentas, algumas humanas... E outras não! As vítimas parecem ter sido parcialmente devoradas. No epicentro dessas mortes está a sombria mansão que pertence à misteriosa Corporação Umbrella. Durante anos a Umbrella tem conduzido, dentro da propriedade, pesquisas genéticas de alto custo e sem supervisão.Foi enviado para investigar os estranhos acontecimentos o S.T.A.R.S., uma unidade militar formada por uma variedade de especialistas: o malandro Chris Redfield, a ex-ladra Jill Valentine, o atirador de elite Barry Burton e o enigmático líder de equipe, Albert Wesker. Junto com os outros membros do S.T.A.R.S., ele tem boas razões para considerar-se preparado para qualquer coisa. Mas o que se revela quando os S.T.A.R.S. adentram pelas portas da mansão é o mais puro terror, muito além dos seus piores pesadelos: criaturas que desafiam as leis da vida e da morte, resultado de experimentos proibidos que saíram desastrosamente errados. Por trás de tudo isso está uma conspiração tão grande e suja em seus planos que os S.T.A.R.S. serão traídos por eles próprios, para assegurar que o mundo nunca descubra os segredos da Umbrella. E se alguém sobreviver... Irá com certeza invejar aqueles que morreram.

É tão engraçado escrever sobre Resident Evil, eu acompanho o game desde o seu lançamento. Sempre entrando em um estado de vício doentio toda vez que há novos zumbis a serem erradicados. S.D Perry conseguiu um feito muito difícil - transmitir toda a ação frenética e tenebrosa dos games para os livros.

Se você, assim como eu, já é um velho conhecido do primeiro título da franquia você já tem uma boa noção do que encontrará nesta novel. Tenha calma, o livro ainda assim consegue trazer algumas novidades como ,por exemplo, a interação mais frequente entre as personagens - fato que é bem raro no game.

(Stephanie Danielle Perry)

Entretanto, apesar de termos um contato muito mais profundo com a história de personagens tão consagrados como Jill Valentine e Chris Redfield, muitos dos diálogos carecem de uma boa estruturação - são banais. Podemos sim sentir um leve destoar de personalidade em cada diálogo, mas ela ainda é muito fluida e pouco consolidada, a autora deixa muito da sua marca ao invés de pensar mais em deixar a marca dos personagens.

A trama é basicamente a mesma; na verdade, o livro pode ser visto como um "detonado" do game em forma de romance. Cada passo e enigma desenvolvidos no jogo estão presentes ali. A ação é bem caracterizada pela autora, ela consegue deixar o leitor aflito e ansioso no desenrolar das cenas - sabe como sobrepujar a ação técnica do jogo com a urgência de caracterizações mais detalhadas.

Eu joguei (e muito) o primeiro título da franquia; portanto, a experiência que encontrei nos livros tornou-se mais fácil de ser imaginada e sentida a partir do momento que me lembrava do cenário e de suas particularidades. Infelizmente, para aqueles que dependem apenas da narrativa de Perry, esse trabalho torna-se mais árduo - não seria difícil se confundir com tantos corredores, cômodos e portas explorados

Um ponto que me divertiu muito encontra-se logo em seu início, a carga nostálgica presente naquelas páginas faria qualquer gamer reviver momentos;creio que alguns possam se lembrar da introdução trash que o game tinha, - toda "encenada" por atores de competência duvidosa - pois bem, cada frame daquela lenda gamer estão presentes em forma de palavras (inclusive os diálogos!). Para quem ficou curioso e quer saber (e rir) um pouco mais, confira:

Quem discorda que isso é uma peça digna de museu, hum?

Esperei por muito tempo por esta série de livros, lembro que inclusive desejei as edições norte-americanas (pensando que não teríamos nossa própria versão). Cada livro , de uma série de sete, tratará de um título da franquia (com dois sendo de total autoria de Perry). Não há uma confirmação se todos os livros serão publicados por aqui, muito provavelmente a editora esperará o retorno deste primeiro lançamento para dar o seu próximo passo.

A edição da Newpop é muito simples e pouco atrativa àqueles que se guiam pelas capas. Em uma edição tão pocket, orelhas se tornaram um empecilho. A editora, especializada nos conhecidos mangás, ainda precisa aprender um pouco mais como editar um livro. Todavia, o interior teve um trabalho bem competente: as páginas são amarelas, há somente alguns erros de digitação e a diagramação é bem detalhada e cuidadosa.

A leitura é divertida justamente por ser tão desprovida de sentido intelectual. Cheia de ação e curiosidades interessantes,Resident Evil, é a primeira novel que tive contato, certamente não é uma leitura cheia de aprendizados e moral, mas sim carregada de saudosismo e nostalgia.

Título: A conspiração da Umbrella      Autor: S.D. Perry     

Editora: Newpop

Notas: |Enredo: 07/10 | Edição: 04/10| Entusiasmo:07/10|